Dedicado á Nivaldo Lima
Você me contou que foi assaltado,
Que quase morreu,
Que viu a morte de perto,
As balas passarem reto;
E que pensou que aquilo foi uma praga minha.
Eu não sou de fazer isso,
Como eu te disse,
Sou de deixar o destino trazer e levar,
E mesmo que o destino te levasse,
Ou a morte que fosse,
Eu não ficaria sabendo
Logo no mesmo dia.
Daí você seria dado como morto,
Sepultado,
Enterrado,
E depois de algum tempo,
Eu decobriria sua perda.
Eu sei que sofreria,
Pensaria em ir ao seu túmulo,
Chorar pelo que não vivemos,
Pensaria em cortar meus pulsos,
Pensaria em te encontrar,
Me suicidar.
Mas depois de pensar várias ousadias,
Eu perceberia que não valeria a pena,
Pois você sempre bancou o difícil,
Agora então você bancaria o impossível.
Do que adiantaria me castigar,
Me abandonar,
Me matar,
Por alguém que até hoje nunca mostrou interesse naquilo que raramente dizia?
Nunca tive uma prova de suas intenções,
Nem sei se eram verdadeiras,
Nem sei se eram verdadeiras,
Eu seria castigado pelo sofrimento da sua perda,
Mas você vai se perder no mundo mais cedo ou mais tarde,
Pois o destino e até você mesmo querem isso.
O que resta é esperar,
Aproveitar já que você teve a chance de ficar.
De nada bater em seu peito,
A não ser o medo.
E hoje você irá viajar,
Vai ao Rio bangunçar,
Outras caras conhecer,
Outras boates frequentar,
Muitas histórias á contar.
E quando imagino você,
Viajando, curtindo e vivendo,
Logo penso:
Viajando, curtindo e vivendo,
Logo penso:
Como uma bala de raspão poderia pegar,
E fazer ele ficar sem viajar,
Para que eu pudesse em paz ficar,
E saber que ele não iria tão cedo aprontar.
E saber que ele não iria tão cedo aprontar.
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